26 de junho de 2014
[Um breve blábláblá antes da crônica] Já reparou como super-heróis triunfam sobre problemas? O sucesso deles (nem o deles!) não vem fácil: demanda uma dor, alguma dificuldade e conflito que, por vezes, envolve um montão de gente (e você aí achando a sua vida difícil... tsc tsc). Talvez esse seja um pequeno ponto (mais um deles) que nos mostre o quanto vale a pena assistir filmes de super-heróis.

Dois anos após Os Vingadores - The Avengers, o mais patriota super-herói Capitão América volta às cenas em um filme baseado em questões éticas (a começar por seu próprio caráter, enraizado por fortes juízos de valores).
O bonitão Chris Evans (por que atores que interpretam super-heróis são sempre gatíssimos? Ok, nada contra, melhor assim) chega a afirmar, em uma cena, ‘Sempre tentei fazer o que é certo’, ou então impõe sua opinião quando, a determinado momento do roteiro, medo e liberdade se esbarram. Típico super-herói bonzinho. E humano. Ele delimita as coisas: certo e errado.
‘Capitão América 2 – O Soldado Invernal’ é roteirizado em, como é de se prever, muitas cenas de ação junto a um aparente equilíbrio entre reflexão e humanização. A mensagem de fundo mais forte é explorada pelo típico poder de grandes entidades sobre a sociedade. Até aí, nada de novo. Portanto, o que se extrai (e guarda) do filme é a mistura de alguns elementos mais sutis. O trabalho em equipe, por exemplo.
Acho justo essa coisa de super-herói contar com ajuda. Democrático. ‘Capitão América 2’ começou assim e... Não terminou diferente. E quem é que disse que os ‘supers’ não precisam de uma mãozinha? Acho justo. Democrático. O Capitão América, em boa parte do filme (senão toda) dividiu a cena com a misteriosa e (pouco confiável!) Viúva Negra, e não deixou de ser menos interessante por isso.
Outro ponto: o humor. Samuel L. Jackson, interpretando Nick Fury, o líder da agência de espionagem S.H.I.E.L.D, rouba a cena (por que ele sempre faz isso? ♥) adicionando um pouco de humor e frases reflexivas como ‘Seu trabalho tem sido uma benção para humanidade. Você moldou este século. E preciso que faça isto mais uma vez’ ou ‘Meu avô gostava muito das pessoas. Só era meio desconfiado’. Quase como um alívio em meio a tanta tensão das cenas de ação, o ator nos deu um fôlego com o típico (e moderado) bom humor. Mais ou menos como aconteceu no filme ‘Robocop’ (só que, dessa vez, menos descarado). Uma coisa é certa: o personagem Nick Fury deixou uma lição, ou espécie de lema ao Capitão América (e, sobretudo, a nós): nunca confie em ninguém.
O aviso serviu como uma espécie de orientação, quase um ‘mapa do tesouro’ para o restante do filme à medida que, aos nossos olhos, todos passaram a ser possíveis vilões. Taí: o lance da desconfiança (necessária e remediada, em muitos casos). Um ‘nunca confie em ninguém’ que, com a força que carrega, poderia ter sido um ‘guarde seus segredos’ ou ‘não negocie seus tesouros’. Daria na mesma e... Baita lição.
Mais ou menos do meio para o final, quando já estamos mais familiarizados com o roteiro (como uma pessoa a par das fofocas da festa), eis que ela surge: a liberdade. Um elemento também intenso e não menos importante. A S.H.I.E.L.D. por si só, já pode ser encarada como uma poderosíssima empresa suspeita pela direção antiética e, quando caímos na liberdade, me parece ser a cereja do bolo. Primeiro porque, dias atrás, estudei essa última questão mais a fundo.
Abre parênteses. Liberdade é a capacidade de o sujeito escolher e/ou decidir sem qualquer tipo de coação (interna ou externa). A liberdade é um valor que só se encontra nas negociações sociais e no conflito de interesses dos indivíduos. Fecha parênteses.
Liberdade que esbarra com ética e com o próprio caráter da sociedade (a do filme, a nossa, qualquer uma). Se, cada qual com a sua idade, intelecto, credo, ou seja lá o que for, busca por ela, por que cair nas garras de alguém que a controle? Nós precisamos ou queremos, realmente, que alguém controle a nossa liberdade?
Como eu disse, questões menores. Sutilezas entre tiros, socos e explosões. Ainda assim, estão lá (e merecem nossa atenção por isso). Pequenas maneiras de nos responder à provocação do vilão ‘Soldado Invernal’ ao Capitão América, em uma das cenas: ‘Achei que você fosse mais do que um escudo’. E (de fato) é: confiança, trabalho em grupo, liberdade e bondade. Escudo dele. Escudos nossos.
Aguarde os créditos. Guarde bem seus escudos e... Bom filme.
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